“Confia no Senhor com todo o teu coração e não te fies na tua própria inteligência. Pensa n´Ele em todos os teus caminhos, e Ele aplainará as tuas veredas” (Provérbios 3,5-6).
Caros Irmãos,
Saudações de amor e de paz,
O 38º Capítulo Geral foi para mim uma verdadeira bênção. Reuniu irmãos de 21 países do mundo inteiro. Olhando para esta realidade, recordo a oração do nosso Fundador, S. Luís Maria de Montfort: "Congrega nos ex nationibus. Juntai-nos, uni-nos a fim de que seja glorificado o vosso nome" (OA 18). Em linha com a oração do nosso Fundador, na sua audiência privada com os capitulantes e a Família Monfortina, a 21 de maio de 2023, o Papa Francisco sublinhou três valores importantes que marcaram o nosso caminho como Congregação, nomeadamente a hospitalidade, a internacionalidade e a ternura. Sinto que estes três valores animaram este capítulo, que criou um clima de união fraterna e um sentimento de pertença.
A canção "Animés de l'amour", cantada durante a comemoração dos nossos irmãos falecidos, recordou-me que a própria fonte da nossa união fraterna é o Amor de Deus. Essa união de amor vai além da morte. O amor de Deus é uma força vivificante e energizante que nos une como uma única família. São Paulo diz: "... Nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro... nada nos poderá separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, Nosso Senhor" (Rm 8,38-39). A presença dos nossos irmãos falecidos que comemorámos nas nossas missas diárias ajudou-nos a olhar para trás com alegria e brio pela sua fidelidade à própria vocação. E a presença dos pais do P. Olivier Maire e dos seus irmãos na instalação da nova administração na igreja de S. Bartolomeu, dedicada aos novos mártires de hoje, aprofundou a nossa união fraterna do amor de Deus. O seu gesto humilde de oferecer o breviário do P. Olivier Maire para ser colocado na Igreja recordou-me as nossas famílias que ofereceram cada um de nós ao serviço de Deus. A nossa fé e a nossa vocação nasceram desta comunidade cristã fundamental que é a família. Devemos estar gratos pela sua disponibilidade de nos deixar trabalhar na vinha de Deus.
O Capítulo Geral foi um tempo de oração humilde e de ação de graças, um tempo de escuta atenta e de partilha, um tempo de discussão fraterna e de discernimento, um tempo de avaliação e de programação. Obrigado ao P. Jean-Claude Lavigne, O.P., nosso animador, que nos ajudou a dar sentido a este capítulo, e também aos tradutores que nos permitiram exprimir-nos e partilhar durante a assembleia sem qualquer barreira linguística. A presença de jovens irmãos que participaram ativamente neste capítulo criou um diálogo intergeracional que trouxe esperança para o futuro da nossa Congregação. E a presença constante dos leigos, através de suas belas mensagens escritas, orações e apoio, foi uma fonte de grande alegria para todos nós.
Lembrei-me do regresso dos setenta e dois discípulos, narrado pelo evangelista Lucas. Tinham sido enviados em missão e regressavam agora para junto de Jesus, orgulhosos do que tinham conseguido realizar. Todos nos lembramos da reação do Mestre: "Não vos alegreis porque os maus espíritos vos obedecem; antes, alegrai-vos porque os vossos nomes estão inscritos nos céus" (Lc 10,20). Jesus não queria refrear o entusiasmo dos seus discípulos, mas ajudá-los a ir ao essencial. Ele queria que eles nunca esquecessem que há um Deus no céu que os ama, que os acompanha, que cuida deles.
S. Luís Maria de Montfort compreendeu esta lição. Escrevendo ao seu tio num momento de grande angústia, abriu-lhe o seu coração e comunicou-lhe a sua convicção mais profunda: "Tenho um Pai no céu que é infalível" (C 2). Creio que foi esta consciência que deu a Montfort a coragem e a força para superar oposições e obstáculos e tornar-se o grande missionário que foi.
Esta certeza deve também animar cada um de nós enquanto continuamos a nossa vida e missão como Família, como Congregação. Se sentirmos em nós a força do amor de Deus e confiarmos profundamente n'Ele e na sua Providência, seremos capazes de arriscar e fazer grandes coisas por Ele e pelos nossos irmãos.
Como vereis, nas Atas deste Capítulo Geral, os capitulantes voltaram a propor alguns temas já presentes no documento do Capítulo anterior. Sentimos que precisávamos de mais tempo para continuar a trabalhar nessas áreas da nossa vida e para o fazer com maior empenho e determinação.
Ao iniciar o meu serviço pela Congregação, estou mais convencido do que nunca de que a nossa fidelidade a Cristo e a S. Luís Maria de Montfort tem o poder de libertar novas energias e novas forças em nós e nas nossas comunidades. Por isso, ao confiar este documento a cada um de vós, encorajo-vos a programar prontamente a sua implementação a vários níveis. Exorto-vos também a continuar a deixar que o Espírito Santo atue em vós, a ser imaginativos e criativos, e juntos a procurar formas novas e melhores de cumprir a nossa missão na Igreja e no mundo. Montfort continua a rezar por nós para que sejamos "Liberos, homens segundo o vosso coração, inteiramente disponíveis à vossa vontade e só por amor; portanto, não amarrados à sua vontade própria...” (OA 8). O Espírito Santo, que é o protagonista da nossa vida, guia-nos para onde Deus nos quer e não para onde as nossas ideias e gostos pessoais nos levariam.
Que a Virgem Maria, Sede da Sabedoria e nossa Mãe, nos acompanhe a todos. Que S. Luís Maria de Montfort e a Beata Maria Luísa de Jesus sejam nossas testemunhas e nossas intercessoras.
Padre Yoseph Putra Dwi Darma WATUN, S.M.M.
Superior Geral
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